Era uma vez uma escritora de livros
infantis, Palmira Martins, que decidiu vir a Alfândega da Fé apresentar os seus livros nas
Bibliotecas Municipal e Escolar aos alunos do ensino básico e pré-escolar.
(Gri…gri…gri)
Trouxe com ela um grilo tenor
(gri…gri…gri), a Lagarta Sarafina, perdão, S-E-R-A-F-I-N-A (ai, ai, ai, ai!!).
- Aquela obesa??? Assim como a
minhoca Nocas: gorda e anafada???
- Obesa?? Disforme? Estão tontos ou
quê? Bem
rechonchudinha, mas com as curvas bem definidas. Hã!!
- Bem, Posso continuar? -Afirmo com
enfado. (Gri…gri…gri)
- (…) O Chico, o caracolito que vivia
no muro do canteiro, a Romi, a cotovia cantora, a lesma Teresa…
- Uma lesma???? Não me digas que
desenha estradas de baba por onde passa!? Argh!!! Que nojo! – interrompem
os meninos.
- Esperem! Ainda temos a dona
Farrusca, a toupeira velha, Patixa, a lagartixa, a tartaruga Zuga, o sardão
Sebastião, Didi, a andorinha, (gri…gri…gri), Piquinhos, o ouriço –cacheiro, o
professor Sapo e…
– Mas ainda veio mais bicharada? – Interrogam
os meninos.
-Claro! Falta um pinga –amor, o
castor- retorqui eu radiante! (Gri...gri...gri...)
- Ooooohhhh!
Isso agrada-nos!
-
Sabia que sim. A mim também.
Eu sou uma romântica que adora histórias de final feliz. (Gri...gri...gri...)
-Adiante, sim? Essa parte já
percebemos… isso é de gente com mania que é poeta e que vive no mundo da lua.
São uns despistados.
- Mau, mau! Disse eu com desagrado.
(gri…gri…gri)
-
Eh
pá, cala lá o raio do grilo!! Arre!
-
Calma!!
Vão ter de se habituar ao canto dele. Pois é, meus caros, ele foi tão
acarinhado nesta nossa terra do Nordeste Transmontano que por cá decidiu ficar
uns tempos. Tem uma série de concertos (gri...gri...gri…) agendados. Terminam
precisamente na Festa da Cereja. Não me digam que não viram ainda o cartaz??
Foram dias intensos de negociação para chegar a acordo com a Câmara. Até tem um
dueto com a Joaninha, aquela nossa aluna do oitavo ano, que canta e encanta (perdoem-me
o lugar-comum)!!
-
Ele
até pode ser uma estrela, mas garanto-te que o canto dele me começa a dar cabo
dos nervos! (Gri...gri...gri...)
-
Grilo!!!
Grilo tenor!!! – grito eu.
-
Diga
lá, minha amiga, respondeu o grilo.
-
Porque
não te calas tu nem um bocadinho?
-
Simples,
minha cara! Gri...gri...venham daí!! A Festa da Cereja não tarda nada e está
aqui!
-
Fica, então, o convite feito.
(Gri...gri...gri) Quanto a nós, ficamos com as memórias de um dia diferente, animado
e divertido. Essencialmente, um dia em que vocês, meus pequenos, têm
oportunidades diferentes. Ouvir histórias é um dos passos para o domínio da
leitura. Para além de invariavelmente vos enriquecer. Ouvir tem a vantagem de
promover a formação das estruturas mentais que vos vão permitir perceber melhor
de forma mais célere estas histórias e, posteriormente, transpor essa
capacidade para a compreensão dos acontecimentos diários*. (Gri...gri...gri...)
-
Ai,
grilo! “Ca” neura!!! Desamparam-nos a loja. Ai, “balha-nos” Deus!
(Gri…gri…gri)